André Biveti
“É a comunidade que nos permite continuar a ter este imaginário de coletivo, ser solidários, e pensar que existem pessoas que necessitam de mais apoio.”
Campeão nacional de atletismo em várias categorias, André Biveti já tinha conquistado um lugar no Centro de Alto Rendimento do Jamor quando uma lesão o afastou das pistas.
Precocemente arredado da competição, numa altura em que conciliava as provas desportivas com os exames de Direito, encontrou na política partidária novas metas, traçadas a partir da sua própria realidade.
“Aquilo que eu sou é, no fundo, o exemplo de como as políticas públicas e sociais são necessárias”, assinala nesta conversa, sublinhando a importância de continuarmos a defender o Estado Social.
“É a comunidade que nos permite continuar a ter este imaginário de coletivo, ser solidários, e pensar que existem pessoas que necessitam de mais apoio.”
Firmemente posicionado à esquerda, André começou por integrar a Juventude Socialista, movimentando-se hoje nas fileiras do poder local, na Junta de Freguesia de São Vicente, em Lisboa.
“É o trabalho de proximidade que nos permite chegar às pessoas, aos nossos vizinhos, e fazer um trabalho comunitário. E é aí que está o coletivo”.
Foi também nesse ‘chão comum’ que o hoje jurista começou por fincar a sua identidade.
“Antes de me considerar português, já me considerava do bairro da Graça, porque aquelas pessoas já me reconheciam, já diziam que eu era um deles. E, portanto, o espírito comunitário tem essa lógica muito importante de criar raízes”.
Filho de mãe angolana e pai congolês, que chegaram ao país como refugiados, André Biveti nasceu em Portugal a 10 de junho de 1992, mas só obteve a nacionalidade aos 15 anos, resultado que parece ter beneficiado da sua performance no atletismo.
“Acredito que o desporto ajudou a acelerar o processo, porque chegaram a dizer que eu era um bom exemplo de integração”.
Com ou sem o empurrão das pistas para garantir a cidadania portuguesa, é inegável que foi entre corridas que o ex-atleta encontrou o impulso para se afirmar. “Cresci como uma pessoa bastante tímida, reservada, e o atletismo deu-me um boost de autoestima”.
O impacto positivo do pódio estendeu-se à escola, onde o socialista entrou para a lista dos melhores alunos. “Comecei a ter melhores de notas quando comecei a evoluir mais no atletismo”.
Formado em Direito – curso que concluiu depois de uma passagem desapontante por Ciência Política –, André conta que “apesar de já ter conquistado algumas coisas”, o peso dos “traumas geracionais” faz com que sinta a pressão de, a cada momento, saber se está a corresponder às expetativas. A começar pela paternidade, que classifica como a maior reinvenção de todas.