No passado, as mulheres negras tiveram de pegar em armas para defender os territórios e corpos das invasões coloniais. No presente, um dos maiores combates que travam é no campo afetivo, procurando viver para além da condição de guerreiras. A multifacetada artista Isabél Zuaa partilha como tem feito esse caminho de emancipação emocional, a partir de um lugar de amor-próprio e de autocuidado. Lembrando que uma mulher negra feliz é um ato revolucionário, Isabel também reflete connosco sobre a potência política do amor vivido entre pessoas negras.
Nascida em Lisboa, com origens na Guiné-Bissau e em Angola, Isabél Zuaa expressa a sua veia artística através da Dança, do Cinema e do Teatro, num movimento criativo além-fronteiras, onde se destacam passagens pelo Brasil e por Itália. Em Portugal, é cocriadora do projeto “Aurora Negra”, desenvolvido no âmbito do seu trabalho de pesquisa de dramaturgias que colocam o corpo negro no lugar de protagonista e anfitrião das próprias histórias, desmistificando estereótipos e preconceitos.
Com formação na Escola Superior de Teatro e Cinema de Lisboa, é detentora de vários prémios internacionais, incluindo o de melhor atriz no conceituado Festival de Cinema de Gramado, distinção obtida em 2020. A par da interpretação, a escrita ganha espaço no seu currículo, a que se juntou, no final de 2023, a entrada para o Programa de Desenvolvimento de Escrita para Cinema e Audiovisual da Academia Portuguesa de Cinema, com o projeto “Chica Té”.