José Semedo Fernandes
Como é que se preserva o espaço de amor na vida, quando o nosso dia-a-dia está a ser bombardeado com demonstrações de ódio racista?
Como é que se preserva o espaço de amor na vida, quando o nosso dia-a-dia está a ser bombardeado com demonstrações de ódio racista? De que modo protegemos os nossos jovens negros da violência policial e de outros confrontos com as autoridades, sabendo que são percecionados como suspeitos e perseguidos como alvos a abater? Advogado criminal, e pai de três rapazes, José Semedo Fernandes confronta-se quotidianamente com a necessidade de gerir esses e outros equilíbrios. A que preço emocional? Escutemos!
Filho do já demolido Bairro de Santa Filomena, que se situava no centro da Amadora, José Semedo Fernandes encontrou aí o sentido de comunidade que o moldou para a vida, enquanto ganhou consciência de que, aos olhos da polícia, carrega na pele negra uma sentença: “Um preto é sempre um suspeito”, apontou-lhe em tempos um agente.
Contra essa e outras injustiças, José fez-se advogado, tornando-se uma das figuras mais ativas no combate ao racismo em Portugal, nomeadamente em defesa de uma Lei da Nacionalidade que deixe de penalizar os filhos de imigrantes. Ao mesmo tempo, luta pela alteração do artigo 250.o do Código de Processo Penal, que, conforme vem apontando, “pinta o suspeito de negro”.