Ainda miúda, Solange Salvaterra Pinto “tomava conta da hora de almoço” da família com as novidades que encontrava nas publicações do Centro Cultural Português de São Tomé e Príncipe, país onde nasceu e cresceu.
“Lia revistas de fofocas, livros, jornais”, conta a ativista social, recuando à origem de uma alcunha de boa memória: “France Presse”. Foi desta forma que o pai a apelidou, a partir de um hábito que o próprio ia estimulando, com uma simples pergunta: “Então, o que é que há hoje?”.
Havia sempre muita coisa, porque, antes como agora, a são-tomense gosta de estar informada sobre o que vai acontecendo no mundo.
Mais do que isso, Solange faz questão de partilhar conhecimento.
Na pandemia, por exemplo, tornou-se uma voz ativa na sensibilização da comunidade são-tomense para a prevenção e tratamento da covid-19.
Também nessa época, criou o podcast “Perguntas Incómodas”, no qual conduzia conversas sobre temas da atualidade, sem nunca perder de vista o propósito social.
“A Comunicação permite defender as pessoas, porque quando estás a dar voz, pões a pessoa em casa a ouvir e dizer: ‘olha, nunca tinha pensado nessa perspectiva”.
Herdeira de uma linhagem de combatentes, há muito que Solange se faz ouvir como ativista social. “Se os meus avós, na altura do colono, não se vergaram, hoje, eu não vou reclamar? Eu trabalho, voto, faço os meus descontos, sou uma cidadã exemplar. Tenho que reclamar, mas reclamar com soluções”.
Dona do seu lugar, a também empreendedora explica, neste episódio, como a atitude confiante e a consciência dos seus direitos têm sido fundamentais para lidar com a doença crónica do filho, “desde os dois anos habituado a tomar morfina”.
Hoje com 18, Maysha é “vida” e aprendizagem aos olhos da mãe.
“Quando tens pessoas [no hospital] que estão com o teu filho durante 18 anos, a tratar, a dar carinho, tens a obrigação de pensar nos outros”.
O compromisso coletivo, hoje vivido no ativismo, dirige-se, no futuro, para a Presidência da República de São Tomé e Príncipe, ambição política assumida sem hesitações, e já com o primeiro discurso presidencial esboçado.